Tacada de opinião...
Artigo de Opinião, no Diário de Notícias, de Fernanda Câncio... mas conhecida como "a namorada do Sócrates"..
DRA. ZEZINHA, IMPORTA-SE QUE A MANDE PASSEAR?
Maria José Nogueira Pinto anda muito bem-disposta. Ou a vida lhe anda a correr bem, ou foi à Zara - que é, diz ela, a sua terapia. Agora resolveu assumir-se salazarista - porque o homem "sabia mandar" - e declamar a trilogia do regime, "Deus, Pátria, Família". Foi ao Expresso, que ouviu o seu elogio ao actual primeiro-ministro à mistura com sua abominação pelas "lojas de chineses" na Baixa, "à frente de uma salada de garoupa fria".
A Baixa Pombalina, recorde-se, é a mais recente especialidade de Nogueira Pinto, que assumiu como seu o plano de revitalização efectuado sob o seu mandato de vereadora do CDS/PP e que agora, depois de se ter incompatibilizado com o então edil Carmona, de ter saído do CDS/PP e proclamado o seu voto no socialista António Costa, pretende retomar. Até porque, confessa, apesar de no privado "se ganhar mais", é no sector público que há "mais poder". E a Zezinha assume sem complexos, muito despachada, que gosta de poder. De mandar.
Confesso que me agradam as pessoas capazes de assumir estas coisas. Até me agrada que Nogueira Pinto se assuma salazarista. Se é verdade, acho bem que o diga. Só estranho que o não tenha dito publicamente há mais tempo - ou disse e não dei por nada? - e não tenha defendido, enquanto dirigente do CDS/PP, que este devia seguir a linha salazarista em vez de falar de "democracia cristã". Salazar podia ser cristão - há-os de todos os géneros, incluindo os muito pouco cristãos - mas era a modos que antidemocrata. Parece que há provas de que mandava para a choldra e para a tortura quem não pensava como ele e não dizia que não a um homicidiozito aqui e ali. Para Zezinha, que pode no Portugal democrata, à frente de uma salada de garoupa, bradar-se salazarista - e portanto antidemocrata - sem que ninguém a mande a qualquer parte, isso - prender, torturar, matar - era "saber mandar". No Portugal democrata, uma Zezinha pode até dizer estas coisas enquanto espera que quem manda agora a mande mandar na Baixa. Porque acha que para quem agora manda não conta a ideologia (nem a memória), só a imagem e o pragmatismo. Até podia ser assim - podia ser que Costa não se importasse de alienar parte do seu eleitorado para nomear uma salazarista que lhe garantisse bons resultados. Sucede que alguém que acha que o problema do comércio da Baixa é causado pelas lojas "de chineses" é alguém que, para além de exibir a xenofobia descomplexada que se espera de uma salazarista, ainda não percebeu nada da Baixa. Perante isso, que, convenhamos, nem indicia competência nem garante bons resultados, Costa não pode senão mandar Zezinha passear. Pela Baixa, sugiro eu. Tem lá três Zaras, sabia? A não ser que prefira dar uma volta na China. Diz que lá mandam lindamente.
Fernanda Câncio, in Diário de Notícias
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