política nacional

Após os necessários dias de nojo pelos resultados do dia 5 podemos voltar a escrever. Ao contrário do que alguém veio deixar numa caixa de comentários esta "minoria" não queria que Passos perdesse. Esta "minoria" achou durante muito tempo - desde o chumbo do PEC IV até à discussão da TSU em que Sócrates andou a meter os pés pelas mãos - que Passos ia perder. Isso está longe de querer dizer que queria que Passos perdesse. Para mim é igual que palhaços actuam se o circo for o mesmo.

Adiante.

Já temos ministros. Da equipa de mega figuras prometida por Passos Coelho sobrou-nos o que Ricardo Costa denominou de selecção à Carlos Queiroz. É interessante de ver que, mesmo não tendo ficado com a Economia e apesar dos resultados eleitorais serem muito díspares dos pretendidos, Paulo Portas conseguiu sacar 3 ministérios para o CDS, apenas menos 1 que os do PSD sendo que os outros 4 estão entregues a "independentes". Para além disso a Assunção, a nova Caeiro de Portas, ficou com um Ministério que vale por dois ou três. Acho bem. Com a experiência dela e o conhecimento de bonés do seu líder, fora o Mar, o Ambiente e o Ordenamento do Território, o futuro da Agricultura portuguesa está assegurado como Cavaco quer. Já estou a ver as resmas de jovens a rumar ao interior para plantar batatas. Quanto mais não seja para sobreviver à crise.

Quanto ao resto, vai ser interessante ver como é que o mais liberal dos liberais e adorador de Friedman vai gerir as finanças. Como é que o imigrante académico vai gerir a Economia (diga-se que à primeira vista me parece uma boa ideia terem junto o Emprego a este ministério). Como é que o talibã da educação, como lhe chamou Daniel Oliveira, vai lidar com os professores e quanto tempo se aguenta. Como é que o bom cobrador do fraque do lado da receita vai lidar com a despesa na saúde (tendo a curiosidade de vir do maior grupo segurador privado da área). Como é que o senhor dos submarinos que dizia ter visto as provas da existência de armas de destruição no Iraque nos vai representar lá fora. E por fim, como é que o boy de Passos vai lidar com esta gente toda e como é que vai construir o novo mapa autárquico.

Para fechar que o texto já vai longo, uma coisa que me preocupa é a possibilidade de Passos sofrer hoje a primeira derrota na Assembleia da República. Não seria tão Nobre da parte de Fernando se percebesse que é um inconveniente para o Primeiro-Ministro ter de assumir a promessa eleitoral e que todos ficariam melhor na fotografia se ele se afastasse sozinho? Para que é que andou a pedir para lhe darem um tiro na cabeça? Com a quantidade de tiros nos pés já podia ter morrido sozinho.