A Tacada do dia...

terça-feira, janeiro 06, 2009

A destruição de Sedrot e o jornalismo à distância dos horrores em Gaza

Em Sderot, mais uma vez, não pude deixar de notar que a destruição não é possível de ser vista com uma simples circulada pela cidade, com ares de subúrbio de classe média baixa americana. De forma alguma dá para comparar com a destruição que vi em Bint Jbeil, no sul do Líbano, onde não havia nenhum prédio de pé - em Sderot, não consegui ver nenhum caído. Os principais danos, segundo me disse em entrevista o ministro de Assuntos Sociais de Israel, Isaac Herzog, são psicológicos. Na minha visita ontem à cidade, o clima não era de de guerra. Todos caminhavam pelas ruas, jovens latino-americanos de um kibutz nos arredores reclamavam do mau humor do vendedor de Shawarma, um casal de soldados se paquerava e jornalistas usavam coletes a prova de bala apenas para aparecer diante das câmeras.

Perguntei tanto a um porta-voz militar como a um da chancelaria qual era o ponto mais próximo de Gaza para se acompanhar a ofensiva israelense. Os dois me indicaram uma colina no meio do pasto onde estive outro dia. De novo, as vans de repórteres com suas câmeras tentando mostrar o que ocorria do outro lado. De longe, era possível ver colunas de fumaça e um estranho zepelin, além de helicópteros israelenses. No meio dos repórteres, percebo a presença de Elias Karram, correspondente da Al Jazeera. Ele é um herói dos palestinos por sua cobertura de Israel. Peço para entrevistá-lo. Karram se desculpa e me explica que a situação dele é muito complicada. Na Guerra do Líbano, em 2006, chegou a ser preso.

Gustavo Chacra, no blog Diário do Oriente Médio

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