Gado.. ou não...
Democracia é assim: o povo venezuelano votou e rejeitou a proposta da mudança na Constituição do presidente Hugo Chávez. Sem manobra, sem golpe. O povo decide. Como deveria ser sempre na democracia. Quantas vezes o eleitor brasileiro teve a oportunidade de referendar ou rejeitar as propostas que os parlamentares votam em Brasília?
Aliás, um ponto para o qual o presidente Lula chamou atenção. Desde que ele foi eleito, o Brasil passou por quatro eleições - duas estaduais e federais, duas municipais, além de um referendo. Ou seja, cinco consultas à população. No mesmo período, a Venezuela já passou por três eleições, referendos e quatro plebiscitos. O dobro, portanto, de consultas à população. Onde, afinal, há mais democracia? Onde o povo tem mais poder de decidir?
A coluna vinha chamando atenção para o fato de que, embora com pontos positivos, a proposta trazia, em si, viés autoritário, centralizador, personalista, que era ruim para a democracia. Mas que, democraticamente, não se podia impedir o presidente de apresentar uma proposta, de ela ser votada pelo Parlamento e, depois, seguir para referendo. Foi idêntico com a reeleição no Brasil.
Até semana passada, dizia-se que os referendos só serviam para chancelar o pensamento de Chávez. É bom se arranjar outro argumento. Foi assim enquanto as propostas de Chávez tiveram o apoio da população. Quando não tiveram, foram rejeitadas. Como em toda boa democracia. Para tristeza de alguns políticos, o povo pode ser mais ou menos politizado. Mas não é gado, nem aqui, nem na Venezuela.
Érico Firmo, in http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/menupolitico/750377.html
Etiquetas: Internacional, Política
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