A Tacada do dia...

segunda-feira, junho 21, 2010

Flexigurança

Quando me falam em flexisegurança imagino logo um patrão vestido à securitas ou à segurança de discoteca - como aqueles gorilas que põem na rua, à bruta, os clientes que são incómodos ou não querem pagar - neste caso, trabalhadores que querem que lhes paguem. Mas isto sou eu, que tenho uma mente maldosa. A flexisegurança é aquele mecanismo que permite que sejamos mais facilmente despedidos para que mais facilmente arranjemos emprego. Só se pode arranjar emprego quando se está no desemprego. E, para se estar no desemprego, tem de se ser despedido. Com a flexisegurança deixa de haver desempregados para passar a haver trabalhadores em trânsito: chama-se mobilidade. O desemprego de longa duração é uma mobilidade mais lenta. Já a flexibilidade de horários é um trabalhador sair num dia às 18h e poder já não voltar mais. Consta que a flexisegurança nasceu na Dinamarca nos anos 90. É falso! Já existe no nosso país há muito mais anos. Vejamos como funciona: um membro do governo - ministro, secretário de Estado, assessor, etc. - tem de sair do cargo - por impopularidade, perda de eleições, suspeitas de corrupção, ou, hipótese académica, incompetência. Com a flexisegurança, esse ex- -governante arranja logo trabalho, por exemplo na CGD. Entretanto, se a coisa corre mal na Caixa, pode ir para a PT e depois para os CTT ou para a GALP. Mais tarde até pode regressar ao governo. Como se pode ver, não há razão para ter medo da flexisegurança; ela funciona, e bem. E neste caso até são os governantes que dão o exemplo.

José de Pina, i Online, 20100616

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