Movimento de Defesa do Ramal da Lousã
- Muitas perguntas à espera de resposta no processo Metro Mondego
- Utentes do Ramal exigem respeito
- O projecto Metro Mondego foi sempre (e continua a ser) desenvolvido sem cuidar
de ouvir os utentes do centenário ramal ferroviário Coimbra-Serpins, descurando
completamente as suas vitais necessidades de mobilidade para os locais de trabalho e ensino.
Ao longo de tantos anos, é um processo sempre conduzido ao sabor de calendários e
interesses eleitorais e onde são evidentes as pressões de poderosos interesses,
nomeadamente da área das grandes obras e fabrico de material circulante.
- Está bem à vista que não existem alternativas rodoviárias para substituir, em
condições aceitáveis, o transporte ferroviário que actualmente serve as povoações vizinhas
desta linha. Convidamos os senhores deputados e autarcas a fazerem uma viagem de
autocarro na sinuosa estrada que segue o ramal para experimentarem no local as provações a
que nos querem sujeitar.
Os utentes deste ramal estão fartos de tantas experiências de triste memória
(“bailarinas” espanholas, “recauchutagem” das Allan) pelo que não aceitam servir mais uma
vez de cobaias e serem maltratados.
Será que já se preocuparam em fazer uma avaliação dos graves prejuízos laborais e
familiares dos utentes, na hipótese de virem a ser privados da utilização do seu meio actual
de transporte diário para o local de trabalho ou de estudo?
Os utilizadores deste Ramal têm direito a um transporte digno e que não venha a
afectar seriamente as suas vidas, pelo que não deixarão de responsabilizar em primeira linha
os responsáveis municipais do que venha a acontecer futuramente, se continuarem a apoiar o
encerramento e destruição desta centenária linha.
Por isso o MDRL convida também desde já os candidatos a autarcas e deputados que
se apresentem por estes concelhos e distrito a definirem claramente a sua posição
relativamente à barbaridade a que querem sujeitar os passageiros do Ramal.
- Um autêntico "disparate técnico": é assim que técnicos qualificados nesta área
dos transportes ferroviários consideram o projecto de transformar uma “linha de montanha”
num metro de superfície, advogando antes a modernização e electrificação do ramal
ferroviário, mantendo no futuro a viabilidade do transporte de mercadorias.
Com tantos estudos realizados para o Metro Mondego porquê tanta resistência em
avaliar a alternativa da electrificação e modernização do Ramal, como este Movimento vem
reclamando há mais de um ano, apoiado num abaixo-assinado subscrito por 4 mil utentes?
Haverá já compromissos previamente assumidos e que não se possam divulgar?
- No contexto da actual situação de profunda crise da economia mundial e
nacional, várias personalidades credenciadas no âmbito económico, financeiro e técnico,
onde se inclui o actual Presidente da República Portuguesa, questionam os grandes
investimentos públicos e recomendam a sua reavaliação.
Acontece que para o grande investimento que se anuncia no projecto Metro
Mondego (mais de 300 milhões de euros) não se conhecem estudos de procura e de
viabilidade económica que demonstrem a sua sustentabilidade, nem análises custo/benefício
comparando esta e outras alternativas (como a electrificação e modernização do Ramal).
MDRL – 09.07.2009 - 1/2
Se esses estudos existem por que não são divulgados, inclusive as tarifas previstas e
que os fundamentam? Será que se pretende esconder tal informação ou então “avançar às
cegas” para um projecto desta envergadura, cuja factura todos vamos pagar no futuro,
utentes e contribuintes?
Por isso questionamos se a repetida falta de resposta do Sr. Ministro Mário Lino
à Comissão de Obras Públicas e Transportes da Assembleia da República se deve ao facto
de, muito simplesmente, não haver respostas para as questões colocadas.
- Por esclarecer permanece também a razão de a CP e REFER serem as
responsáveis pelas obras e aquisição de material circulante para o metro a instalar no sítio
do Ramal da Lousã e que se perspectiva ser para concessionar a privados, quando este ramal
já nem pertence a nenhuma das duas empresas (não constando sequer do mapa de linhas
ferroviárias da CP). Será que as administrações destas empresas públicas, com “deficits”
anuais de exploração de muitos milhões de euros, se limitam a cumprir directivas políticas
do MOP, sem cuidar das consequências de tais investimentos sem retorno? E não haverá
autoridades que tutelem estas questões e que cuidem de acautelar o interesse público?
- Se o chamado “metro de superfície” prevê actualmente uma solução mista, com
veículos para transporte urbano e suburbano, originando assim o consequente transbordo de
passageiros para alguns percursos, como podem os senhores da Metro-Mondego continuar a
propalar a rapidez e comodidade de tal solução?
É que a falácia de que o tram-train ia levar as pessoas directamente aos HUC foi desmentida
a partir do momento que o Sr. Presidente da Metro Mondego confirmou o transbordo em
Ceira. Então a comodidade fica pelos 100 lugares sentados em vez dos 385?
- De facto, ao contrário da grande propaganda que se faz, a reabilitação e
electrificação dos ramais ferroviários existentes, com material circulante adequado, é uma
solução moderna, eficaz e económica, cada vez mais adoptada para o transporte suburbano
de passageiros. Como está a acontecer noutros locais do país, como a Linha do Sado, Linha
de Guimarães, Linha da Beira Baixa e Ramal de Leixões.
- O Primeiro-ministro ainda no último debate parlamentar defendeu a ferrovia. Toda
a Europa aposta na ferrovia e nós vamos desmantelar um ramal centenário para
adoptar um milionário projecto de metro sem viabilidade técnica e económica comprovada
para este trajecto e procura estimada?
Por tudo isto o MDRL continua a reclamar e exigir o estudo da solução alternativa
que consiste na electrificação e modernização do Ramal da Lousã, que é viável sem
interrupção de serviço, e não vai esmorecer na luta pelo respeito dos justos interesses dos
utentes do Ramal e de salvaguarda do futuro da nossa região, com melhores condições de
mobilidade, para passageiros e mercadorias.
Coimbra, 9 de Julho de 2009
A Comissão Promotora do Movimento de Defesa do Ramal da Lousã
Etiquetas: Nacional, Política
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