Hoje é dia de mudança...

..ou então não.

4 de Novembro de 2008, dia das eleições Norte-Americanas. Muito do mundo, especialmente a Europa, tem-se deliciado com a possibilidade de Barack Obama vir a ser o próximo presidente dos Estados Unidos da América.

"Yes we can", o mote da mudança. A chegada de um negro à casa branca e a quimera de uma alteração da política norte-americana a todos os níveis.

Porém Obama está muito longe de ser um corte com o passado no que quer que seja para além da cor.

Em 2004 no seu discurso na convenção democrata apelou à união de todo o país, mas fechou os olhos às profundas divisões sociais, económicas e étnicas que grassam no território norte-americano.

No passado, Obama opôs-se à guerra no Iraque. No entanto, no Senado apoiou todos os financiamentos para a continuação da ocupação do Iraque e votou favoravelmente a nomeação de Condoleezza Rice como secretária de Estado, sendo Rice uma das figuras mais importantes da invasão e ocupação do país. Obama, perante o grande crescimento da opinião pública negativa em relação à guerra no Iraque, durante a campanha defendeu a retirada gradual do país. Porém nem esta será completa como passará por um aumento do efectivo militar (sic) e a transferência de tropas para o Afeganistão - país que Obama quer continuar a ocupar 7 anos volvidos da invasão.

Em relação ao Médio-Oriente, Obama num encontro com o AIPAC (America's Pro-Israel Lobby) renunciou o seu anterior apoio à causa Palestiniana.

Obama apoiou ainda a renovação do execrável USA Patriot Act de Bush, permitindo assim um poder discricionário às forças de segurança com o pretexto do terrorismo e chumbou uma tentativa de censurar o programa de escutas de George W.

Obama apoiou a construção do muro de separação entre os EUA e o México.

Obama chumbou uma lei que fixaria um tecto nas taxas de juro dos cartões de crédito.

Obama chumbou uma lei que pretendia reduzir os custos administrativos dos serviços de saúde e alargar a cobertura do programa aos que não possuem seguro de saúde. Neste campo, as propostas da sua "rival" democrata, Hillary Clinton, eram bastante mais positivas para a população norte-americana.

Posto tudo isto, não é por acaso que, contrariando a história das campanhas presidenciais americanas, o Partido Democrata tenha ultrapassado o Republicano na angariação de fundos. Apesar de muitos pequenos contributos, o grosso - três quartos - dos $600 milhões angariados vêm de Wall Street, encontrando-se entre os seus grandes contribuintes os grupos financeiros Goldman Sachs, Citigroup, JP Morgan/Chase e Morgan Stanley.

Posto tudo isto não quer dizer que defenda a eleição de John Mccain. Mas também não me deleito com a probabilidade de eleição do Pop Star. São apenas duas faces da mesma moeda e pior que Bush há-de ser difícil. Ainda que no campo da estupidez Sarah Palin seja uma agradável surpresa.